A Nota Técnica 2025.001 do Projeto Conhecimento de Transporte Eletrônico detalha as mudanças nos leiautes do CT-e, CT-eOS e GTV-e para a Reforma Tributária do Consumo
Área do Cliente
Notícia
Reforma tributária: empresas correm para não perder créditos de ICMS
Reforma tributária prevê devolução de saldo credor em 20 anos, o que pressiona companhias a adotar estratégias para garantir uso dos valores acumulados
01/01/1970 00:00:00
Empresas de diversos setores têm intensificado estratégias jurídicas e operacionais para evitar a perda de bilhões de reais em créditos acumulados de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), diante das novas regras previstas pela reforma tributária. A regulamentação do novo modelo prevê que esses valores só poderão ser utilizados após homologação estadual e devolvidos em até 20 anos, corrigidos pelo IPCA.
Com a possibilidade de bloqueios ou longas esperas para acessar os créditos, companhias têm recorrido à Justiça para acelerar processos administrativos, criado novas atividades econômicas para aproveitamento do saldo ou até dividido partes da operação para fins tributários. O objetivo é garantir o uso dos valores antes do fim do ICMS, previsto para 2032, quando o tributo será substituído pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
Estoque bilionário de créditos preocupa empresas
A preocupação é justificada pelos altos volumes de crédito a recuperar. Apenas no Paraná, a Secretaria da Fazenda informou que R$ 3,2 bilhões em créditos já estão habilitados para devolução, e outros R$ 1,3 bilhão aguardam análise. Em São Paulo, a liberação ocorre por meio do programa ProAtivo, que está suspenso desde maio de 2024, forçando diversas empresas a buscar decisões judiciais para assegurar o recebimento imediato.
Um dos setores mais impactados é o das exportadoras, isentas de ICMS na saída dos produtos. Isso gera acúmulo de crédito na cadeia de produção, sem possibilidade de compensação. A Suzano, por exemplo, reportou em seu formulário de referência mais recente (março de 2025) um estoque de R$ 2,15 bilhões em créditos de ICMS, dos quais R$ 1,63 bilhão foram provisionados por não haver previsão de aproveitamento.
Estratégias incluem ações judiciais, cisões e reorganizações
Para mitigar as perdas, empresas adotam diferentes caminhos. Algumas, como a Suzano, têm vendido créditos para terceiros após aprovação dos Estados. A empresa vendeu R$ 62,4 milhões em créditos no Espírito Santo, mas também consome parte internamente em operações com bens de consumo.
Outras estratégias incluem:
- Criação de nova atividade econômica, que gere débitos de ICMS compatíveis com o uso do crédito acumulado.
- Reorganizações societárias, com cisões de unidades operacionais para viabilizar a utilização dos créditos.
- Ações judiciais para forçar a análise ou compensação imediata dos valores estocados.
Segundo o tributarista André Buttini Moraes, a movimentação de créditos tem impulsionado o mercado de fusões e aquisições. "Os créditos acumulados passaram a ser ativos importantes em operações empresariais", afirma.
Companhias acumulam valores expressivos
Além da Suzano, outras empresas relatam saldos elevados:
- Assaí: R$ 1,4 bilhão em créditos;
- Eldorado: quase R$ 1 bilhão, mas consome apenas R$ 3,7 milhões por trimestre;
- JBS: R$ 4,1 bilhões, incluindo tributos similares em outros países (IVA, VAT e GST);
- CSN: R$ 1 bilhão, especialmente sobre insumos e ativos imobilizados.
A CSN afirmou que o saldo tem sido compensado “naturalmente” e não prevê riscos de não aproveitamento, com base nas projeções da administração.
Nova regra de devolução é considerada lenta e com correção limitada
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, que regulamenta a reforma tributária, prevê que os saldos de ICMS existentes em 31 de dezembro de 2032 poderão ser usados para compensação com o IBS. Porém, o uso dependerá de homologação estadual, que pode levar até dois anos, e o reembolso será feito em 240 parcelas mensais (20 anos), corrigidas pelo IPCA.
Segundo o advogado Daniel Loria, ex-integrante da equipe da reforma tributária, o modelo é tecnicamente melhor do que o atual, mas levanta dúvidas:
“Haverá uma regra clara do recebimento, mas o problema é ter certeza de que o Estado homologará os créditos. O prazo é longo e a correção é baixa”, alerta.
Ele ressalta que hoje muitos créditos estão ligados a benefícios fiscais, o que faz com que os Estados dificultem seu aproveitamento. A ausência de um processo padronizado de homologação entre os entes federativos aumenta a incerteza.
Venda de créditos enfrenta barreiras burocráticas
Apesar de prevista na legislação, a venda de créditos de ICMS depende de autorização do Estado. Para o tributarista Daniel Moreti, do escritório FMIS-LAW, isso limita as possibilidades práticas de monetização do ativo:
“O prazo de 20 anos é uma moratória, muito agressiva para o fluxo de caixa das empresas”, afirma. “Os Estados não querem autorizar transferências porque isso transforma o crédito em moeda tributária, o que afeta suas finanças.”
Moreti explica que, embora alguns fornecedores aceitem pagamentos com créditos, essa alternativa é limitada. “Muitas empresas também têm estoque de crédito e não querem mais”, pontua.
Expectativa de melhoria com o IBS e CBS
Apesar das críticas à transição do ICMS, os especialistas apontam que o novo sistema de tributação — com IBS e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — deve resolver esse tipo de distorção estrutural. A legislação prevê que os novos créditos serão utilizados em até 90 dias, evitando os acúmulos bilionários que ocorrem hoje.
Para o diretor institucional do Comsefaz, André Horta Melo, os problemas atuais com créditos acumulados devem ser reduzidos no novo modelo, com maior previsibilidade e gestão centralizada:
“Se houver necessidade de aperfeiçoamento, isso será feito no contexto do IBS. A alíquota de referência cobrirá a compensação devida aos contribuintes.”
Receita Estadual aposta na redução do estoque de créditos
O presidente da Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), Rodrigo Spada, auditor fiscal da Receita de São Paulo, prevê que o saldo credor de ICMS deve diminuir durante o período de transição:
“Conforme o ICMS for sendo reduzido e o IBS implementado, esperamos que os estoques fiscais encolham até 50%”, avalia.
Spada vê a criação do Comitê Gestor do IBS como um avanço. Para ele, o órgão será mais técnico e eficiente que os governos estaduais na homologação e devolução dos créditos:
“O Comitê não terá outras despesas, apenas a função de arrecadação e distribuição dos recursos. Isso traz segurança jurídica para o contribuinte.”
Diante da regulamentação da reforma tributária, empresas brasileiras têm adotado diversas estratégias para evitar prejuízos com créditos acumulados de ICMS, cuja devolução poderá levar até 20 anos. A demora, somada à correção apenas pela inflação, pressiona os caixas empresariais e traz riscos financeiros.
Apesar de o novo modelo tributário prometer mais agilidade com IBS e CBS, os desafios da transição ainda geram incertezas. Contadores, advogados tributários e gestores fiscais devem se preparar para orientar seus clientes sobre alternativas de aproveitamento, reestruturações societárias e ações preventivas.
Empresas com créditos acumulados de ICMS devem revisar imediatamente seu estoque fiscal, consultar a viabilidade de uso ou venda, e avaliar reestruturações operacionais. Contadores devem apoiar seus clientes no planejamento tributário de transição, diante das novas regras da reforma.
Com informações do Valor Econômico
Notícias Técnicas
Nova versão da ECF deve ser usada para escrituração do ano-calendário 2024, situações especiais de 2025 e retificações de exercícios anteriores
Casos de racismo lideram os processos por discriminação direta e indireta na Justiça do Trabalho, que já somam R$ 1,25 bilhão em indenizações
A morte de um trabalhador requer uma série de ações e a empresa precisa se preparar previamente para esses casos
Compliance trabalhista como escudo contra riscos jurídicos e humanos, com foco na prevenção de doenças ocupacionais
Notícias Empresariais
Tomar a decisão de sair do emprego com ou sem plano exige mais do que coragem. Exige clareza
Quem cuida da saúde emocional amplia sua visão estratégica, fortalece sua resiliência e constrói negócios mais humanos e sustentáveis
Falta de abertura da alta gestão e orçamento limitado dificultam a consolidação de ações contínuas de bem-estar emocional no ambiente corporativo
Entenda como este profissional pode turbinar os seus negócios
Reforma tributária prevê devolução de saldo credor em 20 anos, o que pressiona companhias a adotar estratégias para garantir uso dos valores acumulados
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional